Audiência Pública da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Alba em Palmas de Monte Alto


A Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) atendendo solicitação do Centro Político Cultural João Leonardo e do Coletivo O Estopim, realizou uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Palmas de Monte Alto, ontem (23), às 9 horas.

O evento foi coordenado pelo Presidente Marcelino Galo - Deputado Estadual do PT e teve como objetivo reunir informações sobre onde foram enterrados os restos mortais do desaparecido político JOÃO LEONARDO DA SILVA ROCHA.

A Audiência Pública contou com as presenças, além do presidente da comissão, Deputado Marcelino Galo, do Jornalista de SP e ex-preso político Celso Horta, da ex-militante da MOLIPO - Movimento de Libertação Popular e, Ana Corbizier, do  Coordenador-Geral do Projeto Memória e a Verdade da SDH, Ivan Seixas, jornalista e ex-preso político, do Grupo Tortura Nunca Mais - Bahia, Diva Santana, do Presidente da Câmara de Vereadores - Neto Porto, dos vereadores Dr. Paulo, Bárbara Laranjeiras, Almir, Oscar do Pinga e Adelson, membros do grupo Levante Popular da Juventude, Centro Cultural João Leonardo Wanderson Pimenta, TV LATINHA -  José Carlos Lélis, Professor José Alves - Uneb Campus Guanambi, Diretor da Direc-30 - Professor André Brandão, imprensa, caravana de diversas cidades e movimentos populares local.



















ACERVO - MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS

Ficha descritiva: JOÃO LEONARDO DA SILVA ROCHA
JOÃO LEONARDO DA SILVA ROCHA
Nome:
JOÃO LEONARDO DA SILVA ROCHA
Pai:
Mário Rocha
Mãe:
Maria Nathália da Silva Rocha
Idade quando desaparecido:
36 anos

Biografia

Dirigente do Molipo, seu nome integra a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95. Fez o curso primário em Amargosa, na Bahia, onde moravam seus pais. Estudou o primeiro ano do curso secundário no colégio dos Irmãos Maristas, em Salvador, ingressando em 29/02/1952 no Seminário Católico de Aracajú, onde permaneceu até 1957. Em 1959, aprovado no concurso, tornou-se funcionário do Banco do Brasil em Alagoinhas (BA), cidade em que seus pais passaram a residir. Nesse mesmo ano, começou a lecionar Português e Latim no Colégio Santíssimo Sacramento e na Escola Normal e Ginásio de Alagoinhas.

No inicio de 1962 mudou-se para São Paulo, ainda como funcionário do Banco do Brasil, onde também passou a lecionar aquelas duas matérias em colégios da região do ABC. Era considerado excelente poeta e contista. Ingressou logo depois na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da USP, passando então a engajar-se crescentemente na militância política. Foi diretor da Casa do Estudante, localizada na avenida São João, que abrigava alunos de sua faculdade. Vem de uma testemunha inesperada – o filósofo e articulista Olavo de Carvalho – o depoimento de que, nessa época da Casa do Estudante, João Leonardo realizou excelentes duetos musicais com Arno Preis, que foi morto em fevereiro de 1972 e também pertencia ao MOLIPO.

João Leonardo cursava o último ano de Direito e já integrava a ALN (Agrupamento Comunista de São Paulo), quando foi preso pelo DOPS, no final de janeiro de 1969, no fluxo de prisões de militantes da VPR que mantinham contato com a organização de Marighella. O mesmo Olavo de Carvalho já escreveu mencionando as brutais torturas a que foi submetido o seu amigo daquela época. Os órgãos de segurança acusavam João Leonardo de participar do Grupo Tático Armado dessa organização guerrilheira, tendo participado em 10/08/1968 do rumoroso assalto a um trem pagador na ferrovia Santos-Jundiaí, bem como de outras operações armadas. Foi, inclusive, indiciado no inquérito policial que apurou a execução do oficial do exército norte-americano Charles Chandler, em 12/10/1968, embora não seja apontado como participante direto do comando que realizou a ação.

Em setembro de 1969, com o sequestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, João Leonardo foi um dos 15 presos políticos libertados e enviados para o México, oficialmente banidos do país. Transferiu-se para Cuba e recebeu treinamento militar naquele país, onde se alinhou com o grupo dissidente da ALN que gerou o MOLIPO.

Retornou ao Brasil em 1971, se estabelecendo numa pequena localidade rural de Pernambuco, São Vicente, que era distrito de Itapetim, sertão do Pajeú, quase divisa com a Paraíba. Raspou totalmente a cabeça e era conhecido como Zé Careca. Tornou-se lavrador, tendo adquirido um pequeno sítio onde trabalhava. Gostava muito de caçar e era exímio atirador. Era muito querido na região e, como tinha habilidades artesanais, fazia brinquedos com que presenteava as crianças. Foi um dos poucos sobreviventes entre os militantes que tentaram construir bases rurais do MOLIPO, entre 1971 e 1972, tanto no oeste da Bahia quanto no norte de Goiás, território atual do Tocantins.

Quando pressentiu que podia ser identificado na região de São Vicente, mudou-se para o interior da Bahia, onde terminaria sendo localizado e morto em junho de 1975, ano em que o MOLIPO e a ALN já não existiam mais e João Leonardo buscava sobreviver e trabalhar. Num choque com agentes policiais que, ainda hoje, é recoberto por densa camada de mistério e informações desencontradas, foi executado por agentes da Polícia Militar da Bahia em Palmas de Monte Alto, entre Malhada e Guanambi, no sertão baiano, margem direita do rio São Francisco, divisa entre Bahia e Minas.

Seu caso foi o último episódio a confirmar a existência de uma verdadeira sentença de pena de morte extra-judicial, decretada pelos órgãos de segurança para todos os banidos que retornassem ao Brasil com a intenção de retomar a luta contra o regime.

Palmas de Monte Alto: Corpo de militante de resistência à ditadura será exumado










A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos está preparando a exumação dos restos mortais de João Leonardo da Silva Rocha, ex-militante da luta armada que integrou a ALN (Ação Libertadora Nacional) e o Molipo (Movimento de Libertação Popular), executado em 1975 e enterrado com nomes falso no Cemitério de Palmas de Monte Alto, no Sul da Bahia.

 Até chegar à sepultura onde João Leonardo está enterrado, o Coordenador-Geral do Projeto Memória e a Verdade da SDH, Ivan Seixas, jornalista e ex-preso político que se dedica a investigar o paradeiro de desaparecidos políticos nos anos de chumbo, ouviu testemunhas que conviveram com o militante, fez pesquisas em cartórios, arquivos públicos e conseguiu identificar o militante desaparecido e localizar sua cova. “João Leonardo foi enterrado com nome falso de José Eduardo da Costa Lourenço, por ele adotado para tentar se proteger diante da intensa perseguição a que se tornou alvo”, diz Seixas. Dois personagens foram fundamentais para elucidar o caso: o pedreiro Almerindo Porto Lopes, conhecido por Nélio, que ajudou a enterrar o corpo, e o agricultor conhecido por Jerônimo, o único que sabia que João Leonardo pertencia ao Molipo, usava nome falso e, apesar de ter sempre a polícia no seu encalço, tentava organizar a resistência ao regime.
Um advogado da cidade, Miguel Pires, também colaborou, fornecendo informações que apurou junto a outras testemunhas que assistiram o tiroteio em que João Leonardo foi morto e, depois, ao sepultamento.
Segundo essas testemunhas, João Leonardo está enterrado debaixo do corpo de outro morador de Palmas de Monte Alto, Natalino Pereira, numa cova contígua onde estariam outros quatro ossadas, todas sepultadas em sobreposição, uma prática no pequeno cemitério de cerca de 100 metros quadrados. Fonte: Fato On Line - EDIÇÃO: 


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