Temer quer cortar cargos e esvaziar papel do Banco do Brasil

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“Há um plano do governo Temer de diminuir a capacidade do Banco do Brasil de incidir em políticas sociais e projetos de desenvolvimento e infraestrutura, reorientando o banco para uma atuação voltada ainda mais para o mercado. Eles não escondem isso”, disse o presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos.


Segundo Temer - que tenta mudar a Constituição de forma a impor um teto aos gastos públicos -, para investir mais em saúde e educação, o governo deverá reduzir despesas em outras áreas. Como exemplo, ele citou os cortes nos empregados do banco.

“Um dos cortes que nós temos feito, ainda hoje a imprensa registra um número infindável de contratações no Banco do Brasil. O Banco do Brasil está pensando em cortar uma porção de funções, de cargos que lá existem, que são absolutamente desnecessários”, disse Temer.

Para Vasconcelos, que integra a direção nacional da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), achar que há excesso de funcionários no Banco do Brasil é “um absurdo”, pois, na realidade, a instituição necessitaria de novas contratações.

“O Banco do Brasil tem gerado lucros bilionários a cada ano. É uma empresa que tem atingido recordes de eficiência e tem sobrecarga evidente de trabalho nas agências e em todas as suas unidades. Ao contrário de reduzir o seu quadro, o banco precisa é de mais funcionários”, afirmou, em entrevista ao Vermelho.

Na quinta, diversos veículos de comunicação noticiaram que a direção do Banco do Brasil promove uma reestruturação que poderia incluir a saída de até 18 mil trabalhadores, por meio de um plano de demissão voluntária. De acordo com a mídia, o banco teria um quadro “inchado” em relação aos concorrentes privados.

O Banco do Brasil, que possui 5428 agências e 109 mil funcionários, teve lucro líquido de R$ 4,8 bilhões no primeiro semestre de 2016.

Diante da repercussão do noticiário, o presidente do sindicato da Bahia contou que foi encaminhado um pedido de esclarecimento à direção do banco, que teria declarado improcedentes as informações veiculadas na imprensa.

“Mas nós já temos a informação de que é bem provável que o banco realize mesmo um plano de desligamento voluntário, sem previsão de recolocação de funcionários para esses postos de trabalho que forem extintos, de modo que deverá haver, sim, um esvaziamento, não na proporção que divulgaram, mas há grande possibilidade de redução no quantitativo de funcionários. E isso nos preocupa muito, porque vivemos uma situação em que a empresa precisa de mais contratações para dar conta da demanda”, declarou Vasconcelos.

De acordo com ele, o reforço no quadro de funcionários é uma reivindicação do sindicato, que aponta sobrecarga de trabalho para os bancários. “Não à toa os funcionários do Banco do Brasil estão entre os trabalhadores que mais adoecem, com altos índices de afastamentos nos locais de trabalho, resultado de sobrecarga, estresse e metas cada vez mais abusivas para um reduzido quadro de funcionários que não dá conta dessa demanda”, detalhou.

O sindicalista lamentou, portanto, que a última declaração de Temer vá no sentido oposto das necessidades. “Isso reforça que, para o governo atual, que é de feição neoliberal, o Banco do Brasil não está nos planos prioritários como indutor do desenvolvimento e de políticas sociais, e isso, para nós, é um retrocesso enorme”.

Dados da pesquisa “Quem são os funcionários do BB?”, realizada pela Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB) e divulgada no primeiro semestre de 2015, mostram que 45,59% dos funcionários do banco trabalham de 8 a 12 horas diárias, e há ainda um pequeno percentual que trabalha acima das 12 horas por dia (1,02%). Quando perguntados sobre o estresse no trabalho, 68,91% dos entrevistados responderam que se sentem estressados.

Vasconcelos ressaltou que, nos últimos anos, o Banco do Brasil cresceu, ampliou o portifólio de clientes, o número de contratos e de agências e aumentou os lucros – ao mesmo tempo em que também alargou seu papel em programas sociais.

“O banco se expandiu e isso deu certo. Ampliou seu lucro, conseguiu dar mais resultado e conseguiu aumentar sua atuação em programas sociais, principalmente voltados para agricultura familiar e, agora mais recentemente, nos programas de habitação, no Minha Casa, Minha Vida, em atuação complementar à Caixa. Mas o governo atual trabalha na a perspectiva de reduzir esse tipo de atuação”, criticou.



Do Portal Vermelho

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