Estudantes de Jornalismo da FG promovem mesa redonda sobre discriminação racial


AGÊNCIA SERTÃO
Estudantes do curso de Jornalismo da Faculdade Guanambi (FG) realizaram na noite desta segunda-feira (06) a mesa redonda com o tema “Olhar Quilombola” onde foram debatidos a questão quilombola, os seus direitos, o seu reconhecimento e as dificuldades enfrentadas por essas pessoas. A mesa redonda é a culminância do projeto de Fotojornalismo proposto pela professora Milenna Castro em parceria com o fotógrafo caetiteense Paulo Guanais que orientou os discentes a irem até estas comunidades, que ainda encontram-se esquecidas e fotografá-las, mostrando através da captura de imagens o cotidiano e do modo de vida dessas comunidades quilombolas. As fotos feitas pelos futuros jornalistas encontram-se expostas no lounge da FG até sexta-feira (10). Compuseram a mesa debates as professores da FG Adriana Bomfim, Géssica Pera, Rogério Campos, Milenna Castro e a professora da UNEB/Campus Guanambi, Dinalva Macêdo.
Willian Silva – Ag. Sertão
A professora Adriana lembra que o termo “Comunidades Remanescentes Quilombolas” só vem a ser instituido em 2005 como reconhecimento por este povo que colaborou com a construção do nosso país. E ao mesmo tempo ela nos leva a refletir sobre ” Quem sou eu”, pois, segundo ela, somos constituídos de diversas culturas e saberes que adquirimos ao longo do tempo. A professora ainda enfatiza a questão do racismo no Brasil, pois ainda é marcante e tem vitimado muitos negros em nosso país.
O professor Rogério Campos trouxe a tona a questão de que os quilombolas serem considerados, no século XVIII como bandidos, pois para o governo da época, estes não gostavam de trabalhar. Ele ainda lembra que o Brasil foi um dos últimos países a abolir a escravidão, num período escravagista que durou 316 anos e que algumas pessoas ainda possuem o pensamento de que o negro é um marginal e que não merece nenhum tipo de oportundade.
Já a professora Géssica faz um apanhado sobre a questão do direito da terra a que estes quilombolas não tem o seus direitos sobre a terra em que vivem, garantidos. Para ela o etnocentrismo europeu ainda é muito forte no ensino primário e secundário e é algo que precisa ser mudado com urgencia, pois não se pode ignorar a história de vida e luta dos quilombolas na conquista de sua liberdade e de seus direitos. Somente na região são 53 comunidades quilombolas. Em Caetité são 13 e em Palmas de Monte Alto são 16 comunidades. Em Guanambi, apenas uma comunidade é reconhecida como quilombola, mas falta a certificação federal o que garantiria melhores condições de vida para estas comunidades.
Willian Silva – Ag. Sertão
Em sua fala, a professora Dinalva, que realiza um trabalho de pesquisa dos povos quilombolas na região da Serra Geral e do Vale do São Francisco, mostra a dificuldade que eles têm em conquistar seus direitos para a melhoria de vida destas comunidades. Há ainda certa resistência por parte de alguns professores em colocar, na grade de ensino das escolas em comunidades quilombolas, a história de lutas dos negros por igualdade e conquistas. Dinalva afirmou aos presentes, que ainda temos o pensamento de um país escravagista que ainda enxerga os negros como um povo sem cultura e sem sabedoria. “Quando passamos a conhecer e conviver nos quilombos, mudamos nosso pensar”, concluiu.


Fotos: Willian Silva – Ag. Sertão


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