ADARY OLIVEIRA -A ENERGIA GERADA PELOS VENTOS
BAHIA ECONÔMICA
Os bons ventos que há muito tempo
sopram na Bahia e no Brasil começam a ser aproveitados graças ao avanço
tecnológico na geração de energia eólica. Nem os gregos que em sua mitologia
criam que Éolo era o deus dos ventos, senhor da ilha Eólia que guardava os
ventos numa caixa para ajudar na navegação, acreditavam no milagre dos dias de
hoje.
Segundo o Global Wind Energy Council
(GWEC) em 2017 o Brasil passou a ocupar o oitavo lugar no ranking mundial que
mede a capacidade instalada de produção de energia eólica. Hoje o país é capaz
de produzir até 12,76 GW de energia, tendo ultrapassado o Canadá com 12,39 GW,
estando atrás da China, com 188,23 GW, Estados Unidos, com 89,07 GW, e a
Alemanha com 56,13 GW. Vem também depois da Índia, Espanha, Reino Unido e
França. Por ter investimentos realizados mais recentemente nessa área o Brasil
faz uso de tecnologia mais avançada, usufruindo de equipamentos mais modernos
com alta produtividade. Apenas para se fazer uma comparação quanto ao volume de
energia gerada, a Usina Hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo em produção de
energia, com 20 unidades geradoras em operação, possui 14 GW de potência
instalada.
A Associação Brasileira de Energia
Eólica (Abeólica) divulgou recentemente que o segmento já é responsável por
8,3% da energia produzida no Brasil, próximo dos 9,3% da produção das usinas de
biomassa e distante do porcentual de 60,9% do produzido pelas hidrelétricas.
Segundo a Abeólica a Região Nordeste é a que mais avança na produção de energia
eólica no Brasil, sendo atualmente responsável por 64% da energia nele
consumida.
No Brasil os estados nordestinos
lideram a produção de energia gerada pelos ventos. Em primeiro lugar vem o Rio
Grande do Norte, com 135 parques e 3,7 GW de capacidade instalada. Em seguida
vem a Bahia, com 93 parques e 2,4 GW. Em terceiro vem o Ceará, com 74 parques e
1,9 GW. A estimativa da Abeólica é que nos próximos seis anos serão somados
mais 1,45 GW de capacidade de geração no País, atingindo-se a marca de 18
milhões de residências abastecidas com energia eólica.
Segundo a Secretaria de
Desenvolvimento Econômico (SDE) dos 237 projetos previstos para a Bahia, 88
estão em operação e 149 em construção, considerando-se aí os concedidos através
de leilões da ANEEL e os do mercado livre. Eles estão distribuídos em 23
municípios, a maior parte deles localizados no semiárido. O município líder é
Sento Sé, com 37 usinas e capacidade instalada de 919,1 MW, seguido de Caetité
com 26 usinas e 632,7 MW.
De muito positivo para a Bahia são as
fábricas de componentes que atendem ao setor. Sete delas, GE, Gamesa,
Torrebras, Acciona, TEN, Wobben Windpower e Tecsis, estão fabricando torres
eólicas, pás, nacelles e motores. Contribuem com a geração de empregos e têm valor
estratégico para ampliação do parque eólico do estado.
Das energias renováveis a eólica é a
de segundo maior crescimento no mundo sendo superada apenas pela geração
elétrica fotovoltaica, de pequena base de comparação. Se não há falta de ventos
para a Bahia, muito menos há falta de sol, o que é comprovado pelos excelentes
índices de insolação do território baiano. Parece que desta vez os ventos estão
mesmo sendo favoráveis e não faltará matéria prima para esse novo negócio. De
qualquer maneira os proprietários de terra já estão sendo beneficiados ao
receberem remuneração que varia de um mil a dois mil reais por torre geradora
instalada em seus terrenos. Não é de todo suficiente, mas já é um bom começo.
Fica a esperança de que a energia assim gerada seja de baixo custo e que haja o
desenvolvimento econômico do sertão com inserção de mais pessoas no mercado de
trabalho, para que boa parte da energia assim gerada seja consumida localmente.
Adary Oliveira é presidente da
Associação Comercial da Bahia – adary347@gmail.com
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